terça-feira, 13 de março de 2012

Saúde: Compreendendo a Hipertensão



A  Saúde Pública mostra-se preocupada com a qualidade de vida da população. E um dos pontos que vem sendo discutido são os maus hábitos alimentares, vícios como tabagismo e etilismo, sedentarismo, doenças existentes no histórico familiar que servem como alerta aos riscos e com isso, tem realizado em larga escala a Educação em Saúde com intuito de reduzir os agravos decorrentes. Doenças crônicas, a exemplo de Diabetes e Hipertensão estão sempre em foco devido a contínua ocorrência de diagnósticos de ambas. É de extrema importância orientar a população sobre os diversos riscos que rondam sua saúde.


Segundo Rouquayrol & Filho  (1999, p.288), o conceito de estilo de vida são: “hábitos e comportamentos auto-determinados, adquiridos social ou culturalmente, de modo individual ou em grupo”.  Sendo que há possibilidade de mudar hábitos, a fim de obter uma melhor qualidade de vida. Pessoas que fumam por anos, conseguem abandonar o vício, mesmo tendo que passar por um complexo processo de abstinência ou pessoas que não estão acostumadas a prática de atividade física, acostumam-se após um período de prática, principalmente quando se identificam com esta. Contudo, é importante que seja feita uma auto-avaliação sobre o estilo de vida adotado e refletir sobre a necessidade de mudar comportamentos e hábitos que prejudicam a saúde.

A hipertensão ou pressão alta, segundo o Ministério da Saúde (2006), é uma doença que ataca os vasos sanguíneos, coração, cérebro, olhos e pode causar paralisação dos rins. É definida como pressão sistólica maior ou igual a 140mmHg e uma pressão diastólica maior ou igual a 90mmHg em indivíduos que não estão fazendo uso de medicação anti-hipertensiva. Devemos dar atenção a este problema, pois é umas das principais causas de Infarto Agudo no Miocardio, também conhecido como "ataque do coração ou ataque cardíaco".  O infarto é a morte das células musculares cardíacas (miocardio). Acontece quando uma coronária fica totalmente bloqueada e nenhum sangue chega ao músculo cardíaco, causando isquemia. A interrupção do fluxo coronário quase sempre é devido ao estreitamento repentino de uma artéria coronária pelo ateroma (aterosclerose), ou pela obstrução total de uma coronária por êmbolo ou trombo (coágulo sanguíneo). A aterosclerose é caracterizada pelo depósito de gordura, cálcio e outros elementos na parede das artérias, reduzindo seu calibre e trazendo um déficit sanguíneo aos tecidos irrigados por elas. Os pacientes que sofrem infarto, são geralmente do sexo masculino, pois são mais susceptíveis que as mulheres. Acredita-se que as mulheres tenham um efeito "protetor" devido à produção do hormônio estrógeno, sendo que após a menopausa, devido à falta de produção desse hormônio, a incidência de infarto na mulher aumenta consideravelmente. Um fator importante nesse processo, é o colesterol. Quanto maior a quantidade de colesterol no sangue, maior a incidência de infarto. São conhecidos 3 tipos de colesterol: o de baixa densidade (LDL), o de muito baixa densidade (VLDL) e o de alta densidade (HDL). Este último, conhecido como "bom colesterol", parece ter um efeito protetor para o infarto do miocárdio, sendo ideal mantê-lo em níveis altos no sangue. Já o LDL, conhecido como "mau colesterol", aumenta a chance de infartos quando existe em níveis altos. Por isso, os profissionais de saúde focam na necessidade da população em geral, mudar hábitos prejudiciais e recorrer a reeducação alimentar, pois é o modo mais preciso para efetivar uma mudança no hábito alimentar, é de extrema importância orientação do nutricionista e em alguns casos, imprescindível suporte psicológico.


A pressão arterial sofre variação sempre a depender da atividade. Então, ela aumenta quando fazemos exercícios, estamos excitados ou nervosos e em dias muito frios. Porém, diminui quando estamos relaxados, dormindo e em dias quentes. A postura (sentado ou em pé) também influencia na variação da pressão arterial. 


Um dos motivos para difundir informações sobre essa doença, é porque ela pode pegar qualquer um de surpresa, pois pode permanecer assintomática, ou seja, você pode não sentir nada. Grande parte das internações pelo SUS, são por complicações de doenças cardiovasculares, e estas ocupam o segundo lugar entre os homens (depois das doenças respiratórias) e terceiro entre as mulheres (depois de parto e complicações da gravidez e doenças respiratórias) / maior custo. Mas quando apresenta sinais ou sintomas, os mais comuns são cefaleia (dor de cabeça), dor na região da nuca, taquicardia (aumento da frequência cardíaca) e em casos mais graves, turvação da visão. Esse mal não atinge somente a população adulta, segue abaixo de acordo com o Ministério da Saúde (2006), quem tem risco de apresentar:



  • Aqueles que tem casos de hipertensão na família devem estar atentos, pois se um dos pais tiver a doença, há 25% de chance e se ambos tiverem, o risco será de 60%.  Para BARRETO-FILHO & KRIEGER (2003), dos fatores envolvidos na fisiopatogênese da hipertensão arterial, um terço deles pode ser atribuído a fatores genéticos. Citam como exemplo o sistema regulador da pressão arterial e sensibilidade ao sal. E afirmam que a hipertensão arterial pode ser entendida como uma síndrome multifatorial, de patogênese pouco elucidada, na qual interações complexas entre fatores genéticos e ambientais causam elevação sustentada da pressão. Em aproximadamente 90% a 95% dos casos não existe etiologia conhecida ou cura, sendo o controle da pressão arterial obtido por mudanças do estilo de vida e tratamento farmacológico.
                

  • Pessoas com sobrepeso ou obesidade tem grandes chances. Calcula-se que para cada quilo ganho de peso, a pressão arterial sistólica se eleva de 1 mmHg. A relação entre peso corporal e pressão arterial é verdadeira também em crianças. Tanto o sobrepeso quanto a obesidade provocam alterações metabólicas que contribuem para que as terminações nervosas mantenham os vasos mais contraídos. Então, para vencer a resistência, automaticamente a pressão se eleva e o coração é obrigado a trabalhar mais.



  • Pessoas que consomem álcool em excesso correm enorme risco. A Gerontology Magazine  publicou um artigo, onde os pesquisadores dizem que ainda não têm certeza do mecanismo pelo qual o álcool afeta a pressão arterial, e por que este efeito muda com a idade. Uma hipótese é que o consumo afeta a atividade do sistema nervoso simpático, que é a parte do sistema nervoso que é involuntária e responsável por controle de funções como batimentos cardíacos e constrição dos vasos sangüíneos. Mesmo ainda não estando clara a ligação entre o consumo de álcool e o aumento do risco da hipertensão, a prudência parece ser o melhor caminho. Ainda é cedo para se ter certeza de que o consumo moderado de álcool faz bem à saúde, ou se na verdade faz mal. Parece provável que será difícil estabelecer se o álcool é na verdade um mocinho ou um vilão, devido aos seus múltiplos efeitos no organismo. Portanto, seja prudente: não se esqueça que, mesmo parecendo causar alguns benefícios, o álcool ainda não foi totalmente inocentado e seu consumo ainda não pode ser considerado saudável.

  • Tabagismo - Inicialmente, a inalação da fumaça aumenta o nível de CO no sangue. A Hb que transporta O2, combina-se mais facilmente com o CO do que com O2, ficando limitada a oferta de O2 para o coração. Depois, o ácido nicotínico do tabaco provoca a liberação de catecolaminas, levando a elevação da frequência cardíaca e da pressão arterial.   Esse ácido nicotínico pode gerar a constrição (estreitamento) das artérias. O tabagismo aumenta a aderência plaquetária, aumentando a probabilidade de trombose.


Estresse - Excesso de trabalho, angústia, preocupações e ansiedade, podem ser responsáveis pela elevação da pressão arterial. Os estudos sobre a patofisiologia da HA evidenciam que o estresse possui, através da sua ação simpático-medular e pituitário-adreno-cortical o poder de aumentar a pressão arterial (PA) em resposta a estímulos psicológicos (ELLIOT, 1979). O estudo da inter-relação entre estresse mental e HA é complexo, pois muitas outras variáveis (fatores genéticos, dieta, exercício físico, peso etc.) podem influenciar o aparecimento da hipertensão,   devendo, portanto,  ser controladas para que se possa avaliar a real contribuição dos fatores psicoemocionais na gênese da doença. 


Fatores psicossociais, econômicos, educacionais e o estresse emocional participam do desencadeamento e manutençãoda HAS. Podem funcionar como barreiras para a adesão aotratamento e mudança de hábitos. (SBC, VI Diretrizes de HA, 2010 )



  • Pessoas que fazem uso excessivo de sal -  O sal (cloreto de sódio) é necessário à vida. Ele é responsável pela regulação de água no organismo. O sal é absorvido no trato gastrointestinal e, em grande parte, excretado pelos rins, entretanto, ele também é armazenado nas células e no interstício, a área entre as células do organismo. Quando é consumido em excesso, torna-se um perigo à saúde, pois ocasiona retenção de líquido e essa retenção nos vasos sanguíneos leva ao aumento da pressão. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o uso de 6 g de sal por dia. A opção interessante é adotar o uso de sal light que tem o poder de reduzir a quantidade de cloreto de sódio pela metade, é mais rico em potássio que tem o efeito contrário e ajuda a reduzir a pressão. Algumas pessoas reduziram o consumo de sal, mas prosseguem com o uso de enlatados a exemplo de azeitonas, milho verde, ervilha e outros que contém uma quantidade de sal considerável e são prejudiciais.


Limitar: Sal; Álcool; Gema de ovo no máximo três vezes por semana; Crustáceos; Margarinas e doces, dando preferência às cremosas. 

Optar por: Alimentos cozidos, assados, grelhados ou refogados; Temperos naturais, limão, ervas, alho, cebola, salsa e cebolinha; Verduras, legumes, frutas, grãos e fibras; Peixes e aves preparadas sem pele.
Evitar: Açúcares e doces; Frituras e derivados de leite na forma integral, com gordura. Considerar a ingestão excessiva de alimentos industrializados, alimentos ricos em gordura saturada, açúcar e sal são os principais causadores da obesidade, esteatose hepática, diabetes mellitus (DM), colesterol elevado, hipertrigliceridemia e hipertensão arterial (GRAVINA et  al.,2007)



  • Diabéticos - O diabetes aumenta o risco de hipertensão, são doenças crônicas inter-relacionadas. O diabetes aumenta o risco de doença cardiovascular e cerebral, mesmo quando a glicose está sob controle. Quando o diabetes é associado a hipertensão os riscos são potencializados.




  • Sedentarismo - Prática de atividade física é essencial na vida de todos. O sedentarismo, ou seja, a falta de prática de atividade física e este é um dos fatores que favorecem o aparecimento da hipertensão. Quando associado ao estresse, obesidade e  tabagismo é crucial na manifestação da hipertensão, principalmente quando há histórico familiar. É imprescindível, manter o equilíbrio entre consumo e gasto. Portanto, para promover o gasto das calorias consumidas deve-se fazer atividades físicas, que além de proporcionar esse equilíbrio, também confere bem estar por causa da liberação de endorfina. A endorfina é um neuro-hormônio produzido pelo organismo na hipófise e proporciona relaxamento e prazer.

  • Negros - Estudos demonstram que a hipertensão na raça negra possui prevalência maior, pior evolução e complicações mais graves e freqüentes. A função renal entra em declínio mais rapidamente neste grupo mesmo com controle eficaz da pressão arterial. 

QUADRO - Classificação da pressão arterial (> 18 anos)


Fonte do quadro: V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial (2006)



FClassificação de Hipertensão Arterial

Hipertensão Primária ou Essencial (natureza emocional) - Não apresenta uma causa aparente facilmente identificável. Portanto, nesses casos é de absoluta importância ser acompanhado por um cardiologista ou buscar auxílio dos profissionais da atenção básica.

Hipertensão Secundária - Em consequência de causas bem definidas como doença renal, renovascular ou endócrina. Esse paciente deve ser encaminhado para especialista.

Hipertensão do Avental Branco ou ''Síndrome do Avental Branco'' - A pressão aumenta devido a presença do profissional de saúde em uso do jaleco branco. (BRASIL, 2006)


Hipertensão Arterial Diastólica
  • Primária ou Essencial
  • Secundária


Hipertensão Arterial Sistólica

  • Débito cardíaco aumentado - Insuficiência Aórtica, Estados Hipercinéticos, Fístulas Artério - Venosas
  • Rigidez da Aorta - Arteriosclerose



Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia (2006) há uma maior prevalência de HAS em pessoas com idade avançada (acima de 40 anos), homens de pouca escolaridade. Contudo, sabemos que os fatores de riscos existentes podem ser conferidos em qualquer idade. Peixoto et al. (2006) acrescenta como grupo de risco também, as pessoas que apresentam o Índice de Massa Corporal (IMC) acima da normalidade e circunferência da cintura elevada. 


É necessário ficar atento aos níveis pressóricos!!


Para aferir a pressão arterial é necessário que o paciente esteja com a bexiga vazia, não praticou exercícios físicos ou fez caminhada longa; não ingeriu bebida alcoólica ou cafeína; não se alimentou ou fumou - isso 30 minutos antes.


Quanto aos cuidados, deve-se iniciar pela mudança de hábitos: Abandonar o tabagismo, ingerir o mínimo ou evitar fazer uso de bebida alcoólica, praticar atividade física, fazer monitoramento de PA, procurar um cardiologista ou consulta em unidade de atenção básica de saúde para consultas períodicas, mesmo não sendo diagnosticado como hipertenso, mas apresenta risco para a doença, de modo a seguir as medidas recomendadas na prevenção primária da HAS e reduzir o risco de mortalidade por problema cardiovascular.




Quanto às crianças e adolescentes devem ser estimulados desde cedo a uma vida saudável. Adaptando o paladar de crianças ao consumo de frutas e vegetais, de modo a facilitar sua aceitação posteriormente.




OBJETIVOS DE AVALIAR O HIPERTENSO

Confirmar a elevação de pressão arterial;

Identificar causas da pressão sanguínea elevada;

Avaliar a presença ou ausência de danos aos órgãos - alvo a Doença Venosa Crônica, extensão da doença e resposta ao tratamento;

Identificar outros fatores de risco ou distúrbios que possam nortear o tratamento.

REFERÊNCIAS:

BARRETO-FILHO, J. A. S; KRIEGER, J. E. Genética e hipertensão arterial: conhecimento aplicado à prática clínica. Rev. Soc. Bras. Card. Estado de São Paulo, v.13, n.1, p. 46-55, 2003.


BRASIL. Ministério da Saúde. Cadernos de Atenção Básica. Hipertensão Arterial Sistêmica. Brasília, 2006.


ELLIOT, S. Stress and major cardiovascular diseases. Nova York, Futura, 1979, p.120 


GRAVINA, C.F; GRESPAN, S.M; BORGES, J.L. Tratamento não-medicamentoso da hipertensão no idoso. Revista Brasileira de Hipertensão, n1, v14, p:33-36, 2007. 


ROUQUAYROL, M.Z; ALMEIDA FILHO, N. Epidemiologia, história natural e prevenção de doenças. In: ROUQUAYROL, M.Z; ALMEIDA FILHO, N. Epidemiologia e saúde. 5ªed. Rio de Janeiro: Médica e Científica, 1999. Capítulo. I, p. 15-31.


SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA: V diretrizes brasileira de hipertensão arterial. Revista Brasileira Clinica de Terapia. São Paulo. 2006. 


V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial – Sociedade Brasileira de Cardiologia, Sociedade Brasileira de Hipertensão, Sociedade Brasileira de Nefrologia. Rev BrasHipertens. 2006;13(4):260-312. 


HowStuffWorks


www.abs-2003.0rg.br

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