quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Educando x Educador em saúde



Todo encontro com finalidade de troca de conhecimento deve ser realizado em um espaço propício com boas condições de limpeza, com condições térmicas e acústicas, bem iluminado e com número de participantes pré definidos. Atenção a identificação, materiais a serem usados e lista de presença.

Quem é você? Já parou para fazer a si mesmo este questionamento? Essa pergunta é relativa à identidade, implica em exposição pessoal, portanto nem todos sentem-se a vontade para dar resposta. É comum no primeiro dia de aula em cursos e atividades haver uma dinâmica com essa pergunta. Mesmo em cursos de EAD, é solicitado que o participante responsa no fórum, porém talvez seja mais fácil assim, pois ninguém precisa encarar os colegas e ainda há a opção de que responde se quiser. Muitos a vêem como uma invasão de privacidade, pois é totalmente diferente de perguntas básicas como por exemplo: "Qual seu nome?"; "Qual sua formação profissional?" Geralmente se dá uma resposta socialmente esperada, como: "Meu nome é fulano de tal"; "Sou arquiteto". Mas há os engraçadinhos que fazem questão de brincar nessa hora, como quando lhe perguntam "quem é você" e a resposta jocosa é: "filho de meu pai e de minha mãe". Isso denota implicação profunda de irritabilidade. Lidar com diferentes tipos de pessoas e suas personalidades podem causar um estresse significativo ao educador. É importante compreender o grau de implicação dos participantes, compreender em suas curtas narrações, a trajetória profissional, percebendo se as respostas são de cunho evasivo ou se são ultra concretas. 

No acolhimento, o educador deve explicitar o seu compromisso em se empenhar para que o processo de aprendizagem aconteça do melhor modo, partindo da criação de um ambiente agradável, não ameaçador. É quando o educador solicita a disposição da sala em semi-circulo e muitos não gostam da ideia ou não compreendem o por que em fazê-lo. Mas por que fazer o semi círculo? Essa disposição espacial favorece a concretização da presença individual e interação entre as pessoas, pois todos podem se ver e ouvir com facilidade. Desse modo, cria-se um ambiente participativo e de respeito mútuo e favorece o exercício de autoridade do educador na medida que os participantes ficam mais expostos e com mais dificuldade de se refugiar no grupo. Em suma, explicita que a participação de todos é bem vinda.

Que seja um ambiente envolvente e que haja uma relação de confiança entre o educando e o educador! 

A composição do acolhimento se dá:
  • Processo educativo como via de mão dupla
  • Ocorre quando há esforço bilateral
  • Empatia, ou seja, colocar-se no lugar do outro

Tem impacto direto na qualidade do acolhimento:


  • Compromisso e empenho para que o processo de aprendizagem aconteça do melhor modo possível
  • Interesse real na aprendizagem dos educandos será demonstrado trabalhando de maneira a criar ambiente agradável, não ameaçador e envolvente.
  • Busca de melhores e possíveis condições materiais de realização de ação educativa, dese posição de cadeiras até preparativos em relação ao conteúdo e disponibilidade para estar com os educandos.
  • Sempre analisar expectativas dos participantes com o que oferecerá
  • Compreender que o processo educativo é uma via de mão dupla
  • Refletir sobre o que lhe é apresentado e sua prática

O choque de realidade leva a uma reflexão, sendo assim o educando analisa como quer e como pode lidar com esse fato. Um exemplo clássico é quando um educador fala sobre a necessidade de consumo de vegetais, fibras e outras fontes ricas de alimento para um grupo de pessoa de baixa condição socioeconômica. Ele jamais poderá impor que essas pessoas venham a mudar instantaneamente seus hábitos alimentares, pois fatores como renda, cultura e outros mais pesam nas decisões. É dever do educador levar conhecimento e estimular que seja exercida a autonomia, de modo que o educando opte quanto ao que fazer para melhorar sua qualidade de vida. Com base nas informações oferecidas, ele pode traçar estratégias para aplicar na melhoria de sua saúde, assim como influenciar em benefício da coletividade.

Então, como ajudar pessoas  melhorar sua vida e até mesmo seu trabalho através do curso? Levar mais conhecimento ou informações são respostas banais. Portanto, é preciso dar mais indicativas de comprometimento. O papel do educador é oferecer a oportunidade de aprender a conduzir ações educativas aplicadas à saúde com maior qualidade e fundamentação teórica.

É preciso que se confira um grau de autonomia para estar ou não em sala, leva-se em conta o interesse pessoal, pois esse fator tem impacto direto no aproveitamento. Há os que pensam que o curso pode-lhe ser útil e há os que se questionam se ele servirá.

Quando a questão é "O que trouxe para este encontro?" As respostas para esta questão declaram o interesse e a vontade de aprender, tendo-se consciência que podem ou não corresponder ao real interesse. Deve-se reconhecer a 'bagagem' pessoal de experiência e conhecimento que são potenciais contribuições para o processo de ensino/aprendizagem. Num curso, deve-se combinar a apresentação de conteúdos com a problematização para estimular a refletir relações entre o que lhe é apresentado e sua prática.

A questão, "O que acho que vou levar deste encontro?" tem intuito em explorar expectativas dos participantes; quanto ao educador, reforçar objetivos do que propõe e alinhar a expectativa do participante com o que tem a oferecer.




Lembrando-se que o conhecimento apresentado em qualquer ação educativa vai ser confrontado com o saber prévio. Valorizar os aspectos subjetivos é valorizar o sujeito!





"A educação que se impõe aos que verdadeiramente se comprometem com a libertação não pode fundar-se numa compreensão dos homens como seres "vazios” a quem o mundo "encha” de conteúdos; não pode basear-se numa consciência espacializada, mecanicistamente compartimentada, mas nos homens como "corpos conscientes” e na consciência como consciência intencionada ao mundo. Não pode ser a do depósito de conteúdos, mas a da problematização dos homens em suas relações com o mundo." (Paulo Freire, 1974, Pedagogia do oprimido)






Idéias do post com base no curso de Educação do SESI

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