A Vertigem Postural Paroxística Benigna (VPPB) é uma doença do Sistema Vestibular, mais especificamente, do Labirinto. Trata-se de vertigem posicional que ocorre quando o indivíduo assume determinadas posições da cabeça (RESENDE et al., 2003).
Essa é uma das mais frequentes afecções do sistema vestibular periférico. Mas antes de falar sobre VPPB, vamos entender o sistema auditivo e o equilíbrio.
Você só mantém o equilíbrio porque possui um minúsculo sistema chamado vestibular. Ele tem esse nome porque no ouvido interno (conhecido como labirinto) existe um vestíbulo, uma ante-sala que separa a área do equilíbrio da auditiva. O sistema vestibular acompanha tanto os movimentos verticais, para cima e para baixo, quanto os horizontais, para a direita e para a esquerda, para frente e para trás. O que causa enjoo numa viagem de navio é a confusão de informações no cérebro. Os olhos e os músculos dizem que você está parado, mas o seu labirinto, dentro do ouvido, muito mais sensível ao chacoalhar das ondas, registra o contrário. Quando tudo está funcionando perfeitamente, não há problema em viajar de carro ou de navio, em levantar da cama rapidamente ou, ainda, em olhar da janela de um prédio alto. Mas há quem sinta enjoos e vertigens nessas ocasiões. Isso acontece porque o líquido que deveria circular por um dos canais semicirculares acaba banhando todos ao mesmo tempo. E o cérebro não consegue interpretar corretamente os impulsos que chegam até ele. Se isso acontece com freqüência, você tem labirintite. Na realidade, existem mais de trezentas doenças do labirinto. Os tipos mais comuns são a doença de Menière e a vertigem postural. Na primeira, ocorre um acúmulo da endolinfa, o líquido do labirinto, provocando tontura e um zumbido no ouvido. Na vertigem postural, o cérebro recebe uma informação distorcida sobre o que acontece quando a cabeça se movimenta. O embate entre os olhos e o ouvido provoca mal-estar. (Superinteressante em agosto de 2008 - "O prumo do corpo, o ouvido")
Fisiopatologia: Explicada pela presença de cristais de carbonato de cálcio, que seriam fragmentos degenerados de otocônias do utrículo, deslocados para a região dos canais semicirculares, quase sempre no canal semicircular posterior. Duas teorias são aqui levantadas. Na primeira teoria, chamada de Cupulolitíase, os fragmentos ficariam aderidos à cúpula do canal semicircular posterior. Essa teoria foi descrita e evidenciada por Schuknecht (1969), que, em 1962, encontrou esses cristais depositados na superfície da cúpula do canal semicircular posterior em dois pacientes com quadro clínico de VPPB. A segunda teoria, chamada de Canalitíase ou Ductolitíase, sugere que os fragmentos degenerados não ficariam aderidos à cúpula, mas, sim, flutuando na endolinfa do canal semicircular posterior. Em ambas as teorias, o movimento desencadeante da cabeça do paciente promoveria a movimentação dos fragmentos, que, por sua vez, acarretaria uma estimulação inapropriada da cúpula do canal semicircular posterior e excitação do nervo ampular posterior, com os sintomas de vertigem.
Pode ocorrer em pessoas de qualquer idade, porém na maioria das vezes acomete adultos acima de 50 anos e tem predominância no gênero feminino sem causa determinada (casos idiopáticos). Sua característica clínica típica é uma crise vertiginosa súbita, algumas vezes severa, de curta duração, com desaparecimento completo do sintoma em menos de 45 segundos. Essa crise vertiginosa é sempre desencadeada por uma mudança de posição da cabeça do paciente. Movimentos tipicamente desencadeantes são: deitar; levantar da cama; virar de lado quando deitado; movimentar a cabeça para olhar para cima.
O diagnóstico da VPPB é realizado por meio da história clínica e testes específicos.
O diagnóstico da VPPB é realizado por meio da história clínica e testes específicos.
O teste para diagnosticar a VPPB é a manobra de Hallpike-Dix (ou Dix-Hallpike, ou Nylen-Bárany) é usada para detectar se há detritos de carbonato de cálcio nos canais semicirculares. Esta consiste em levar o paciente da posição sentada para a deitada, rapidamente, deixando a cabeça do paciente pender para fora da maca, cerca de 30o abaixo da horizontal, com a orelha voltada para o solo. O paciente deve manter os olhos abertos e o terapeuta observar se há nistagmo. No acometimento do canal semicircular posterior observa-se nistagmo rotacional “batendo” para cima e para o mesmo lado da manobra e no caso do acometimento do canal semicircular anterior, vemos um nistagmo “batendo” para baixo e para o mesmo lado do teste (KORRES; BALATSOURAS, 2004; VIIRRE; PURCELL; BALOH, 2005; POLLAK, 2009).
Tratamento:
O tratamento consiste em realizar manobras de reposicionamento e liberatórias.
A manobra de reposicionamento é a manobra de Epley, para canalitíase de canal anterior ou posterior.
A manobra liberatória é a de Sémont para cupulolitíase de canal anterior ou posterior.
Mais em Aspectos clínicos e terapêuticos da Vertigem Postural Paroxística Benigna (VPPB): um estudo de revisão de Ciência em Movimento ( Ano XII nº 23, 2010/1) .
REFERÊNCIAS:
KORRES, SG; BALATSOURAS, DG. Diagnostic, pathophysiologic, and therapeutic aspects of benign paroxysmal positional vertigo. Otolaryngol Head Neck Surg. 2004; 131:438-44.
MAIA, R.A.; DINIZ, F.L.; CARLESSE, A. Manobras de reposicionamento no Tratamento da vertigem paroxística posicional Benigna. Rev. Bras. Otorrinolaringol.[online]. 2001, vol.67, n.5, pp 612-616.
POLLAK, L. Awareness of benign paroxysmal positional vertigo in central Israel. BMC Neurology. 2009; 9:17.
RESENDE, C. R.; TAGUCHI, C. K.; ALMEIDA, J. G.; FUJITA, R.R. Reabilitação vestibular em pacientes idosos portadores de vertigem posicional paroxística benigna. Rev. Bras Otorrinolaringol. 2003; 69 (4): 535-540.
SCHUKNECHT, H.F. Cupulolithiasis. Arch. Otolaryngol., 90:765-78, 1969.
VIIRRE, E; PURCELLl, I; BALOH, RW. The Dix-Hallpike Test and The Canalith Repositioning Maneuver. Laryngoscope. 2005; 115: 185-187
VIIRRE, E; PURCELLl, I; BALOH, RW. The Dix-Hallpike Test and The Canalith Repositioning Maneuver. Laryngoscope. 2005; 115: 185-187
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