Reflexão durante um estudo sobre aborto
Sou a favor da legalização do aborto no inicio da gestação, jamais em casos de gravidez avançada! A descriminalização ao menos, reduziria o quantitativo de mortes maternas causadas por abortos que são realizados na clandestinidade e que deixam muitas vezes sequelas irreversíveis, tais como infertilidade ou muitas vezes, morte. E tudo isso tem custo alto na saúde pública. Pois o dinheiro que deveria ser investido no planejamento de ações de saúde, segue para contemplar as despesas das internações de mulheres provenientes de aborto mal sucedido, com curetagens. Não é certo colocar filho no mundo para que outros criem ou que essas crianças sofram, passando necessidades extremas tais como fome, frio, desnutrição, dentre uma infinidade de patologias causadas pela falta de cuidados básicos. Muitas vezes, crianças vítimas de abandono vivem como meninos de rua ou que caem na marginalidade. Li muitas opiniões sobre esse assunto, pessoas que são radicalmente contra, dizem que a mulher 'deve ter o filho, já que engravidou', mas será que é fácil assim 'ter que'carregar uma vida contra vontade? Certo que existe uma diversidade de métodos, mas todo mundo tem conhecimento de que pode obter gratuitamente via SUS ou de como usá-los corretamente? Será que essa mulher vai amar essa criança como esse ser merece ser amado? E permitindo que nasça, o que fazer como esse bebê? A criança não desejada já nasce como um objeto, por si só já é desumano olhar 'alguém', seja quem for, desse modo, tal como um 'elefante branco'. Li muitos dizerem, "coloque num orfanato!" Será que essas instituições no nosso país conseguem comportar mais crianças carentes? Essa superlotação tem um custo e não é fácil arcar, razão pela qual muitas fecharam suas portas ou rejeitam mais órfãos. Será que esses acusadores já fizeram alguma doação financeira ou de roupa, comida, etc, por acaso? A mulher é coroada como uma vilã, mas por acaso a mulher fez filho sozinha? Muito fácil isentar a culpa masculina. É mais fácil ainda apontar o dedo quando os problemas não são nossos e nem daqueles a quem defendemos. Como dizem os mais velhos: "Pimenta no dos outros é refresco". Os direitos reprodutivos e direitos sexuais garantem escolhas e direitos à mulher, mas para que ela tenha autonomia quanto às suas escolhas, requer orientação. Infelizmente o Brasil é uma país com perfil paternalista e cheio de pessoas hipócritas, perdoem-me a sinceridade. Enquanto o problema é dos outros, ninguém liga, apenas dá 'pitaco' e nunca uma opinião bem analisada. Quanto à temática do aborto, o país ferve em meio a críticas da igreja e a indecisão de políticos que não conseguem se posicionar verdadeiramente, apenas pensam em manter a imagem diante de uma infinidade de mentes mal orientadas, enquanto o problema só se agrava. Fiz diversas pesquisas sobre essa temática e inclusive diversos trabalhos incluindo projeto de intervenção de pós em saúde pública com abordagem em prevenção. Acredito piamente que há uma necessidade extrema de expandir a prática de educação em saúde no contexto de sexualidade, estreitando laços entre família, escola e unidade de saúde. É imprescindível educar a menina antes mesmo do 1°ciclo menstrual e o menino no seu processo de desenvolvimento para a fase da adolescência, para que tenham auto-conhecimento e pratiquem o auto-cuidado. Conhecer tudo que permeia a sexualidade de acordo com a faixa etária e com uso de linguagem adequada, com auxílio de materiais educativos de fácil compreensão. Também, precisa-se valorizar e orientar a participação de pais/família/responsáveis nesse processo através de acolhimento contínuo. Pois muitas vezes, nem a família está preparada para lidar com essa situação, por não saber explicar os fenômenos psicológicos e fisiológicos, mesmo que já tenham passado por essa fase. Essa ideia de familiarização sobre questões sexuais, permite a consciência e sensibilização desses indivíduos e o fortalecimento de elos, que muitas vezes são desconectados na fase da adolescência pelo temor ou vergonha que adolescentes tem quanto suas dúvidas ou por adotarem ideias e ideais contraditório aos dos pais. A ideia de educar tem finalidade de reduzir a iniciação sexual precoce, que muitas vezes ocorre por curiosidade, além de pressa em estreitar laços com alguém por mera questão de evitar a solidão. Decorrente disso, acontecem gestações não planejadas e muitos optam pelo aborto por diversas razões (desde condições financeiras ou não querer/estar preparada para maternidade). O trabalho com educação tem baixo custo, o que facilita sua implantação. Porém requer profissionais capacitados para acolher pais e alunos, assim como a parceria das secretarias de educação e saúde, além de estimular a participação de graduandos no desenvolvimento do projeto (opção atrativa - certificados extra-curriculares). Exemplo disso, está nos resultados positivos em poucos meses de inserção de um projeto simples como esse, tal como a redução de índice de gestação em adolescentes matriculados em uma escola municipal, no interior da Bahia e o ânimo do corpo escolar e dos pais quanto aos resultados do projeto. São medidas simples de orientação e educação, antes mesmo do inicio da vida sexual, que podem reduzir os custos absurdos do nosso sistema de saúde com intervenções provenientes de abortos provocados que geralmente são executados na clandestinidade, e principalmente, reduzir o índice de mortalidade materna.
Matar um feto e matar uma criança de dois anos não tem diferença. As duas são crianças, as duas sentirão dor e lutarão pela vida. Espero que um dia todos se concientizem disso.
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